2009-12-02

Encruzilhada



texto cedido cordialmente por Marlene Morais

Não sei se sigo pelo caminho certo, mas tenho a certeza que não vou escolher o outro. Acreditei até hoje, e de vez em quando ainda sou assomada por antigos ímpetos de “loucura”, se é que posso chamar de “loucura” àquilo que há de mais instintivo no Homem, na sinceridade dos impulsos. E a escolha que tomei não foi a mais sincera, foi talvez a mais prática e lamento que o seja. Por outro lado, a aceitação dos meus sentimentos ainda não me levou a lado nenhum, apenas a desilusões empilhadas em cima de desilusões. Talvez no outro caminho encontrasse sensações que neste não vou encontrar, tenho noção disso, mas também encontraria fantasmas e becos sem saída. Esse caminho foi o caminho por que anseei demasiado tempo e durante esse tempo todo o caminho não se tornou mais fácil. A minha vida tomou outro rumo e não pretendo mudá-la. Não sei onde vou chegar, mas o objectivo também já deixou de ser importante. Sentir não parece ser muito relevante hoje em dia, pelo menos quando “sentir” implica sinceridade. Sentir tornou-se bom se baseado em mentiras, por descarga de adrenalina, dizem. E nos últimos anos, conheci alguns personagens que me apresentaram a essa realidade. A grande maioria mantém-se no meu pensamento como uma coisa boa que me aconteceu, mas que não pretendo que me volte a acontecer. Esses personagens ajudaram-me a desviar de sentido, ainda que não se tenham apercebido disso. Não vou dizer que me orgulho de tudo o que vivi durante o meu percurso, não vou dizer que só aprendi com os meus erros. Há erros cuja aprendizagem nunca consegue superar o peso das suas consequências. E seria tão bom se dissesse que não me arrependo de nada. Aliás, gosto bastante das pessoas que o dizem. É uma afirmação bastante épica, apesar de não passar disso mesmo. Fica sempre bem. Eu admito que lamento determinadas coisas. Lamento sentimentos desperdiçados, principalmente. E, acima de tudo, lamento as pessoas com quem desperdicei esses sentimentos. Há caminhos que simplesmente deveriam ser fechados ao público por falta de condições. Indefinidamente.

1 comentário:

A guilty conscience needs to confess. A work of art is a confession. You were born an original. Do not die a copy.